Compartilho aqui um trecho de minha intervenção intitulada "Mémoire et Territoires : La Littérature au Cœur des Patrimoines Humains", que ocorreu no Cluster Paris-Saclay, por ocasião das Noites da Leitura, para a comunidade estudaCompartilho aqui um trecho de minha intervenção intitulada "Mémoire et Territoires : La Littérature au Cœur des Patrimoines Humains", que ocorreu no Cluster Paris-Saclay, por ocasião das Noites da Leitura, para a comunidade estudantil do Plateau.
Minha intervenção foi dividida em três momentos.
No primeiro, explorei o conceito de memória em diálogo com alguns teóricos fundamentais, como Stuart Hall, que aborda questões de identidade e memória cultural. Também incluí trechos de Paul Ricoeur, autor de A Memória, a História e o Esquecimento, que oferece reflexões profundas sobre a memória individual e coletiva.
Em contraponto, discuti a sociedade sem memória, utilizando o pensamento de Zygmunt Bauman, especialmente suas ideias sobre a modernidade líquida e a fragilidade das conexões humanas.
No segundo momento, abordei o conceito de território, dialogando com teóricos que analisam a relação entre espaço, identidade e poder. Não poderia falar de território sem citar meu contemporâneo, o geógrafo Milton Santos, um dos maiores pensadores brasileiros, que concebe o território como um espaço vivo, em constante construção. Em seguida, conectei minha fala às reflexões de Doreen Massey, que entende o território como um espaço dinâmico e relacional.
Aqui na França, era inevitável mencionar Henri Lefebvre, autor de A Produção do Espaço, que argumenta como os territórios são moldados por práticas sociais. Foi um momento enriquecedor, especialmente porque os alunos demonstraram grande entusiasmo ao defender sua obra.
Por fim, compartilhei minha trajetória pessoal como pertencente a esse espaço da literatura, destacando como a literatura está profundamente enraizada no patrimônio humano. Nas conversas, demonstrei como as narrativas literárias de Jorge Amado e Guimarães Rosa são expressões vivas de nossos territórios e memórias.
Acredito que a literatura tem o poder de preservar, transformar e conectar patrimônios culturais, criando pontes entre tempos, territórios e identidades. Espero que esta reflexão inspire a todos a valorizar o papel das letras na construção de um mundo mais humano e inclusivo.
Terminei minha fala lembrando que, ao visitarmos a Biblioteca Nacional da França, encontramos lá, ao lado daquela imponente estátua, o coração de Voltaire. E não escolhi a palavra coração por acaso.
Para mim, que cresci em um ambiente que não era de vulnerabilidade emocional ou social – embora alguns confundam simplicidade, uma casa modesta e o feijão com arroz diário com vulnerabilidade –, um livro sempre foi um verdadeiro patrimônio.
Como expliquei, naquele espaço sem TV e sem o privilégio de uma coleção de livros, cada leitura era preciosa. Um único livro carregava o peso de um universo inteiro e, por meio dele, eu descobria o mundo, construía sonhos e formava minha visão de vida.
Terminei dizendo que a literatura, para mim, é e sempre será o coração do patrimônio humano.
É ela que pulsa, que conecta gerações e territórios, e que nos lembra que, mesmo nos cenários mais simples, as palavras têm o poder de transformar vidas.
Espero que tenham absorvido essa reflexão e que, neste encontro, tenha conquistado mais alguns que compreendem o valor do ato de ler como um dos patrimônios mais preciosos da humanidade — um legado que precisa ser preservado para as futuras gerações.
Neste dia tão repleto de debates, livros e prosas, quero agradecer à Andreia pelo carinho de ter vindo ao Plateau e por me presentear com essa linda foto deste lugar vibrante, que agora se tornou um dos meus favoritos.ntil do Plateau.
Minha intervenção foi dividida em três momentos.
No primeiro, explorei o conceito de memória em diálogo com alguns teóricos fundamentais, como Stuart Hall, que aborda questões de identidade e memória cultural. Também incluí trechos de Paul Ricoeur, autor de A Memória, a História e o Esquecimento, que oferece reflexões profundas sobre a memória individual e coletiva.
Em contraponto, discuti a sociedade sem memória, utilizando o pensamento de Zygmunt Bauman, especialmente suas ideias sobre a modernidade líquida e a fragilidade das conexões humanas.
No segundo momento, abordei o conceito de território, dialogando com teóricos que analisam a relação entre espaço, identidade e poder. Não poderia falar de território sem citar meu contemporâneo, o geógrafo Milton Santos, um dos maiores pensadores brasileiros, que concebe o território como um espaço vivo, em constante construção. Em seguida, conectei minha fala às reflexões de Doreen Massey, que entende o território como um espaço dinâmico e relacional.
Aqui na França, era inevitável mencionar Henri Lefebvre, autor de A Produção do Espaço, que argumenta como os territórios são moldados por práticas sociais. Foi um momento enriquecedor, especialmente porque os alunos demonstraram grande entusiasmo ao defender sua obra.
Por fim, compartilhei minha trajetória pessoal como pertencente a esse espaço da literatura, destacando como a literatura está profundamente enraizada no patrimônio humano. Nas conversas, demonstrei como as narrativas literárias de Jorge Amado e Guimarães Rosa são expressões vivas de nossos territórios e memórias.
Acredito que a literatura tem o poder de preservar, transformar e conectar patrimônios culturais, criando pontes entre tempos, territórios e identidades. Espero que esta reflexão inspire a todos a valorizar o papel das letras na construção de um mundo mais humano e inclusivo.
Terminei minha fala lembrando que, ao visitarmos a Biblioteca Nacional da França, encontramos lá, ao lado daquela imponente estátua, o coração de Voltaire. E não escolhi a palavra coração por acaso.
Para mim, que cresci em um ambiente que não era de vulnerabilidade emocional ou social – embora alguns confundam simplicidade, uma casa modesta e o feijão com arroz diário com vulnerabilidade –, um livro sempre foi um verdadeiro patrimônio.
Como expliquei, naquele espaço sem TV e sem o privilégio de uma coleção de livros, cada leitura era preciosa. Um único livro carregava o peso de um universo inteiro e, por meio dele, eu descobria o mundo, construía sonhos e formava minha visão de vida.
Terminei dizendo que a literatura, para mim, é e sempre será o coração do patrimônio humano.
É ela que pulsa, que conecta gerações e territórios, e que nos lembra que, mesmo nos cenários mais simples, as palavras têm o poder de transformar vidas.
Espero que tenham absorvido essa reflexão e que, neste encontro, tenha conquistado mais alguns que compreendem o valor do ato de ler como um dos patrimônios mais preciosos da humanidade — um legado que precisa ser preservado para as futuras gerações.
Neste dia tão repleto de debates, livros e prosas, quero agradecer à Andreia pelo carinho de ter vindo ao Plateau e por me presentear com essa linda foto deste lugar vibrante, que agora se tornou um dos meus favoritos.

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